Amabilidade

Amabilidade

Amabilidade

Eu sempre lutei para compreender o significado de amabilidade como fruto do Espírito.

Eu suponho que muitas das razões da minha luta estão relacionadas com a minha criação e com o conceito errado de amabilidade que eu herdei do ambiente onde cresci.

A maior parte da minha infância foi passada longe da minha mãe e do meu pai. Apesar de parentes carinhosos, eu tenho que admitir que eu não observei bons exemplos de amabilidade altruísta da qual a Bíblia fala. Eu fui ensinada a ser amável com os outros, mas também fui ensinada a ser astuta e não permitir que ninguém tirasse vantagem da minha amabilidade ou a usasse para seu benefício. Como resultado, sempre havia uma tensão entre a tentativa de ser amável e não se tornar um capacho ou alguém que sempre cede. Manter o equilíbrio era impossível, e eu tinha que me apoiar somente nas minhas próprias suposições. Eu não entendia a verdadeira amabilidade, porque eu ainda tinha que descobrir a amabilidade de Deus sobre mim.

A Bíblia descreve a amabilidade de Deus por nós e claramente a descreve como um veículo para nos trazer salvação sem nenhum mérito nosso e completamente sem merecimentos: “Mas, Quando Deus, nosso Salvador, revelou sua bondade e seu amor, ele nos salvou não porque tivéssemos feito algo justo, mas por causa de sua misericórdia. Ele nos lavou para remover nossos pecados, nos fez nascer de novo e nos deu nova vida por meio do Espírito Santo” (Tito 3:4,5). Quando eu recebi a Cristo, eu finalmente experimentei a amabilidade irrefutável de Deus na minha vida através da salvação! Agora, a minha luta com amabilidade tomou uma nova forma. Como uma cristã nascida de novo e uma jovem com zelo por Deus, eu tive um abrasivo “amor duro”. Embora as minhas intenções fossem boas, eu reconheço agora que meu jeito de dizer a verdade precisava (e ainda precisa) ser temperado com sabedoria.

Eu sou o que os sulistas norteamericanos chamam de atiradora direta; embora eu tenha nascido e crescido em Honduras, o termo transcende barreiras culturais e me serve com perfeição.

Com o aperfeiçoamento da minha fé, o glorioso fruto da amabilidade continuou a amadurecer enquanto eu também aumentava o meu entendimento de seu significado profundo, ao mesmo tempo, bem simples.

Primeiro, eu tive que aprender o que amabilidade não era. Amabilidade não é fraqueza. Não é ser a pessoa do “sim” ou simplesmente se sentir mal quando alguém estiver numa situação ruim. Não é ser manipulada ou coagida a fazer algo bom para os outros.

Amabilidade na sua essência significa “utilidade” e estar disponível para servir aos outros para o bem deles. Amabilidade resulta em prontidão de ação por um amor altruísta pelos outros. Amabilidade também é dádiva de Deus; sendo assim, é um fruto do Espírito e não da nossa natureza humana.

Essa semana eu vi a atuação da amabilidade.

Depois de nosso segundo culto de domingo, eu acompanhei uma equipe de um irmão e uma irmã de nossa congregação que saiu para distribuir sanduíches para moradores de rua e orar por eles embaixo de pontes e nas esquinas das ruas.

Todos podemos concordar que compartilhar comida com o faminto é uma coisa legal de fazer, mas é amabilidade? Eu já vi uma boa parte de caridade em fotos e, à distância, pode ser difícil distinguir se as pessoas fazem atos de caridade porque elas se sentem bem com isso ou se é porque querem fazer o bem para outra pessoa.

Ao dirigirmos para diferentes pontes, eu fiquei hipnotizada com a conversa do irmão e da irmã sobre o tempo que eles estavam embaixo das pontes. Eu os observei abraçar e saudar os moradores de rua como se fossem membros da família se encontrando depois de muitos anos separados. Eles lembraram juntos de velhas histórias de noites frias no momento em que distribuíam garrafas de água e sanduíches. Enquanto a dupla ministrava com lágrimas em seus olhos, eu fiquei impressionada em testemunhar a alegria dos moradores de rua por verem seus amigos limpos, sem drogas e alcançando os outros. Seus rostos eram iluminados com esperança. Um dos moradores de rua disse: “Estou feliz por vocês, eu quero ser como vocês quando eu crescer”. O outro disse: “Vou contar para os outros! Eles não vão acreditar”.

Eu não me esquecerei do que eu vi naquele dia. Os encontros embaixo das pontes não foram atos superficiais de amabilidade ou momentos para se sentir bem. Para o irmão e a irmã, distribuir sanduíches era secundário ao desejo deles pela restauração e redenção de seus amigos. A força motriz para essa amabilidade é o Espírito de Deus; essa amabilidade foi uma resposta à amabilidade de Deus nas suas próprias vidas. Uma vez eles eram os moradores de rua, aprisionados, viciados e destituídos na sociedade, agora eles eram salvos e restaurados, e o espírito de Deus estava produzindo abundância de fruto.

A minha experiência de vida pode ser diferente, mas eu tenho o mesmo Espírito. A minha congregação foi um local de refúgio para esses irmãos, especificamente para a irmã, pois ela se uniu à igreja de um pouco depois de ter deixado a prisão. A jovem encontrou amizade e amabilidade em uma congregação imperfeita onde as pessoas estavam esforçando-se para darem o fruto do Espírito.

A minha jornada para aprender mais sobre amabilidade continua enquanto o meu relacionamento com Deus amadurece e se aprofunda. Eu continuo a ser uma “atiradora direta”, mas eu oro para que Deus tempere minhas palavras e ações com a amabilidade em ação que eu testemunhei embaixo da ponte naquele dia.

Carolina Guzman.

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