Salmo 5
A confiança em que Deus ouve a oração do crente é um requisito importante para quem se aproxima d’Ele. Pelas suas palavras, David monstra essa atitude. Além disso, confessa que começava o dia em comunhão com o Senhor.
Que melhor maneira de começarmos o nosso dia! Quando entregamos a Deus os afazeres do dia, as nossas preocupações, os passos que teremos de dar, e pedimos direcção e sabedoria, certamente o Senhor, um Pai amoroso, encaminhar-nos-á da melhor maneira. Nada pode substituir essa dependência de Deus na vida do crente, essa comunhão que se estende ao longo do dia, à medida que as coisas se vão sucedendo.
Quando Deus está presente deste modo na nossa vida e no nosso pensamento, nada temos a recear, pois sabemos que com Ele poderemos enfrentar tudo o que vier na nossa direcção, o bem ou o mal. Ele dará força e serenidade para encarar de frente todos os problemas.
No Antigo Testamento havia a ideia do julgamento imediato de Deus sobre os que praticam o mal. Na doutrina das recompensas, pensava-se que o justo era recompensado com o bem e com a prosperidade, enquanto o ímpio sofreria destruição e castigo ainda neste mundo. Daí a noção de que Deus odiava o ímpio e favorecia o justo enquanto viviam. David reflecte esta teoria.
Graças à revelação progressiva de Deus, o Novo Testamento mostra uma realidade diferente. Ao revelar-Se plenamente na Pessoa do Filho, o nosso Senhor Jesus Cristo, Deus demonstra o Seu amor supremo para com todos os pecadores, até o mais depravado, embora Ele aborreça o pecado. Nesta vida, Deus tudo fará para atrair de volta os filhos pródigos que estão longe da casa do Pai e precisam de perdão e mudança de vida. A Sua graça começa quando ainda somos pecadores, procurando despertar as nossas consciências, usando circunstâncias da vida para nos fazer compreender a nossa necessidade de salvação do pecado e de nós mesmos. Essa graça, personificada em Jesus e na Sua morte na Cruz, ilumina todos os que vêm ao mundo, pois o amor de Deus não faz acepção de pessoas. Ele quer que todos cheguem à salvação.
Igualmente, Jesus veio demonstrar como nos devemos relacionar com o nosso semelhante, mesmo aquele que nos odeia e faz mal. Do alto da cruz, pediu perdão para com os que O crucificaram; e no Sermão do Monte, a Magna Carta do Cristianismo, mandou que amemos os nossos inimigos, façamos bem a quem nos aborrece, bendigamos os que nos maldizem e oremos pelos que nos caluniam (Lucas 6:27-28). Isto reflecte a atitude de Deus para com todos, pois como diz a passagem paralela em Mateus 5, “Ele faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (v. 45).
Só na eternidade, quando tiverem falhado todas as tentativas de atrair o pecador para o Seu amor, Deus fará justiça. Vivamos, portanto, à luz deste grande amor, reflectindo-o também nas nossas vidas para iluminar aqueles que nos rodeiam.
Maria Odette Pinheiro é um ancião ordenado na Igreja do Nazareno.